MARCAS CEREBRAIS DO AUTISMO

Alterações na organização dos neurônios do córtex, a camada mais superficial do cérebro, podem estar ligadas ao surgimento do autismo, grupo de problemas que prejudicam a capacidade de comunicação e relacionamento, de causas ainda pouco compreendidas. Em um estudo recente, pesquisadores examinaram o cérebro de 22 crianças mortas com idade entre 2 e 15 anos, metade diagnosticada com autismo. Usando marcadores moleculares, eles observaram manchas incomuns nos lobos temporal e pré-frontal de 10 dos 11 cérebros de autistas, essas regiões influenciam o comportamento social e a expressão pessoal. As manchas não foram observadas nos cérebros de 10 das 11 crianças sem autismo. Segundo os pesquisadores, as manchas indicariam falhas no desenvolvimento do córtex, que começa a se formar por volta do quinto mês de gestação. A equipe ainda não sabe as causas dessas alterações nem como elas afetam o comportamento. Uma hipótese é que estariam associadas a fatores genéticos, ambientais ou mesmo a falhas na divisão das células cerebrais.
A primeira vez que a palavra autismo foi empregada data-se do ano de 1911, pelo psiquiatra suíço Bleuler, no intuito de designar a perda de contacto com a realidade, o que acarretava uma grande dificuldade ou impossibilidade de comunicação. Em 1943 o psiquiatra austríaco Leo Kanner, usou a mesma expressão para descrever 11 crianças que tinham um comportamento bastante original. Sugeriu que se tratava de uma inabilidade inata para estabelecer contato afetivo e interpessoal.
De acordo com Carlo A. Gadia, 2004, autismo não é uma doença única, mas sim um distúrbio de desenvolvimento complexo, definido de um ponto de vista comportamental, com etiologias múltiplas e graus variados de severidade. As manifestações comportamentais que definem o autismo incluem deficit qualitativos na interação social e na comunicação, padrões de comportamento repetitivos e estereotipados, e um repertório restrito de interesses e atividades. A grande variabilidade no grau de habilidades sociais, de comunicação e nos padrões de comportamento que ocorrem em autista, tornou mais apropriado o uso do termo "transtornos invasivos do desenvolvimento". 

Fonte:

Revista Pesquisa FAPESP, p. 12, abril 2014.

Referências:

Kanner L. Autistc disturbances of affective contact, Nerv Child, 1942;2:217-50

Gadia C.A, Tuchman R, Rotta N.T, Autismo e doenças invasivas de desenvolvimento, Sociedade Brasileira de Pediatria, Jornal de Pediatria, 2004. 


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